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  • Entenda os adicionais de insalubridade, periculosidade e trabalho noturno e os riscos de ignorá-los na sua empresa

    Entenda os adicionais de insalubridade, periculosidade e trabalho noturno e os riscos de ignorá-los na sua empresa

    Tempo de leitura: 4 minutos

    “Eu não sabia que tinha que pagar isso…”,

    “Meu setor de RH falou que era detalhe…”

    “Só vi isso quando veio processo na minha porta.”

    Se essas frases soam familiares, vem comigo. Porque quando o assunto é adicionais trabalhistas — especialmente insalubridade, periculosidade e noturno — a falta de atenção pode custar tempo, dinheiro e tranquilidade para sua empresa.

    Imagine que um colaborador te procura no final do mês dizendo que não recebeu um adicional que ele achava que era devido. O que parecia um pequeno ajuste pode se tornar uma ação trabalhista, com pedido de diferenças salariais, reflexos em férias, 13º salário e até multas administrativas.

    Vamos destrinchar cada um desses adicionais e mostrar por que você, gestor ou empreendedor, precisa estar atento ao que a lei exige.

    O que são esses adicionais e por que existem

    A legislação trabalhista brasileira prevê que certos ambientes, atividades e horários exigem uma compensação financeira adicional ao salário do trabalhador. Isso acontece porque a atividade:

    • pode afetar a saúde (insalubridade),
    • representa um risco grave à integridade física ou à vida (periculosidade), ou
    • ocorre em horário noturno, com impacto biológico e social para o empregado (adicional noturno). 

    Esses adicionais não são benesses — são obrigações legais, e o não pagamento correto pode gerar obrigação de pagar diferenças, reflexos e indenizações, além de passivos trabalhistas significativos.

    1. Adicional de Insalubridade — compensando risco à saúde

    Quando um trabalhador está exposto a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados — como ruídos intensos, produtos químicos, calor extremo, poeiras ou agentes biológicos — ele pode ter direito ao adicional de insalubridade

    Como funciona:

    • O valor é calculado sobre o salário mínimo, com percentuais que podem chegar a 10%, 20% ou 40%, conforme o grau de risco, definidos em laudo técnico elaborado por profissional habilitado (engenheiro ou médico do trabalho). 
    • A caracterização depende de avaliação pericial e laudo técnico, que deve atestar a presença e intensidade dos agentes nocivos no ambiente. 

    Riscos práticos para a empresa: Se a sua empresa tiver ambientes com riscos à saúde e não contatar um profissional habilitado para avaliação, um empregado pode demandar esse pagamento na Justiça do Trabalho — muitas vezes com efeitos retroativos e reflexos em outras verbas salariais.

    1. Adicional de Periculosidade — risco de acidentes graves

    Esse adicional é devido quando o trabalhador executa atividades que, por sua própria natureza, implicam risco acentuado de acidentes graves ou fatais, como exposição a inflamáveis, explosivos, energia elétrica de alta tensão, ou atividades de segurança patrimonial que envolvam risco de violência física. 

    Principais características:

    • O adicional é de 30% do salário-base do trabalhador. 
    • A caracterização também depende de laudo ou perícia técnica que comprove as condições de risco. 
    • Não é cumulativo com o adicional de insalubridade. Se a atividade gerar direito aos dois adicionais, o empregado deve optar pelo mais vantajoso, conforme entendimento consolidado do TST — essa vedação à cumulação está prevista no § 2º do art. 193 da CLT e reafirmada pela jurisprudência da 2ª Turma do TST. 

    Riscos práticos para a empresa: Se sua empresa opera em ambientes perigosos e não identifica ou não cumpre a legislação, isso pode resultar em ações trabalhistas, com pedido de diferenças salariais e reflexos em outras verbas — e ainda autuações administrativas pela fiscalização do trabalho.

    1. Adicional Noturno — compensação pela jornada em horário especial

    O trabalho em horário noturno urbano, definido pela CLT como aquele realizado entre 22h e 5h, garante ao trabalhador um adicional de no mínimo 20% sobre a hora noturna trabalhada

    Como funciona na prática:

    • A hora noturna é calculada de forma “reduzida”: cada hora noturna equivale a 52 minutos e 30 segundos de trabalho para fins de cálculo, resultando em maior pagamento proporcional. 
    • O adicional é devido sempre que o trabalhador labora nesse período, independentemente de acordo coletivo — salvo disposição normativa que estabeleça regra específica.

    Riscos práticos para a empresa: Erro no controle de jornada, cálculo incorreto ou ausência de adicional noturno no holerite pode gerar demandas trabalhistas, pedidos de diferenças salariais, reflexos em férias e 13º salário, além de passivos inesperados no fechamento do exercício.

    Consequências comuns na prática das empresas

    Empresas que não realizam:

    • avaliação técnica periódica dos ambientes de trabalho;
    • controle rigoroso da jornada de trabalho;
    • cálculo correto e legal dos adicionais;

    …podem enfrentar:

    • Ações trabalhistas buscando diferenças salariais, reflexos em férias, 13º salário e FGTS.Condenação por honorários e custas processuais.
    • Multas administrativas aplicadas em fiscalizações.
    • Danos à reputação interna e insatisfação de colaboradores.

    Parecer jurídico — Dra. Melissa Noronha

    Os adicionais de insalubridade, periculosidade e trabalho noturno não são “extras opcionais”: são obrigações legais claramente previstas na Consolidação das Leis do Trabalho e interpretadas pelo Tribunal Superior do Trabalho, com critérios objetivos de cálculo e aplicação. A ausência de avaliação técnica e a falta de pagamento correto constituem passivos trabalhistas reais, que podem se concretizar em ações judiciais onerosas para as empresas, refletindo não apenas no valor do débito principal, mas em encargos, multas e reflexos em verbas correlatas.

    A empresa moderna que busca conformidade e segurança jurídica deve implementar processos de gestão de riscos trabalhistas, envolvendo engenharia de segurança e assessoria jurídica especializada, para mitigar contingências que impactam diretamente o resultado financeiro anual.

    Por que contar com assessoria trabalhista faz diferença

    Empresários muitas vezes conhecem os riscos, mas não sabem como operacionalizar a conformidade:

    • Quais funções devem ser avaliadas?
    • Quando é necessária perícia técnica?
    • Como organizar o controle de jornada para evitar questionamentos?

    Uma assessoria jurídica trabalhista especializada ajuda a:

    • Diagnosticar passivos escondidos;
    • Mapear riscos de adicionais não concedidos;
    • Orientar equipes de RH e gestão de pessoas;
    • Implementar políticas de conformidade prática e sustentável.

    Agende uma reunião com o Noronha e Nogueira Advogados.

    Não espere pela primeira reclamação trabalhista para descobrir que sua empresa poderia ter evitado custos e dor de cabeça.