Tempos atrás já falamos sobre o assunto em questão e afirmamos, “quando nasce um filho, nasce uma mãe”, frase clichê, mas que expressa uma grande verdade.
Quando nos tornamos mãe, nasce uma nova mulher, pronta para enfrentar novos desafios e vivenciar uma evolução pessoal e profissional.
Com a maternidade ainda vêm as dúvidas relacionadas a carreira.
Como conciliar as dificuldades da maternidade com os desafios e compromissos profissionais? Será que damos conta?
Passados quase sete anos da minha segunda gestação hoje posso afirmar com propriedade, damos conta sim! Somos mais capazes do que pensamos!
Apesar de todas as dificuldades, o mais encantador é que a maternidade nos torna mais fortes, mais corajosas, seguras e mais capazes do que um dia podíamos imaginar.
Um filho nos faz “mover uma montanha”, desperta em nós a coragem para ousar ir além, muito além do que jamais pensamos que pudéssemos ir.
A maternidade muda tudo em nossas vidas. Por alguns anos, temos a sensação de que deixamos de ter nossa própria vida, e de fato, é isso mesmo que acontece. Principalmente nos primeiros anos da maternidade, é preciso abrir mão de muita coisa, somos doação e amor incondicional. Mas, passados alguns anos, nossa vida vai sendo retomada e tudo volta a entrar nos eixos gradatidavemente.
Se antes a missão mais importante que tínhamos era crescer profissionalmente, com a maternidade é deixar crescer, orientar o crescer, desenvolver paciência para esse crescimento, entender que existem etapas naturais a serem concluídas, desenvolver a empatia, respeitando o tempo e o momento daquele ser em prol de nossas vontades e desejos.
Ser mãe nos coloca na posição de ensinar e de aprender com o com aquela nova vida. E, mesmo com todo amor, é preciso aprender a repreender, ensinar limites e superar nossos próprios limites e, acima de tudo, alimentar a autoconfiança do nosso filho, entendendo que o estamos criando para que um dia ele possa andar com seus próprios pés, para que possa seguir em frente de maneira independente.
Mas, quantas dessas habilidades também podem ser aplicadas à vida profissional? A verdade é que a maioria das mulheres sentem a vontade de serem mães no mesmo momento em que estão em ascensão profissional.
A maternidade, por vezes, vem como uma escolha que a mulher precisa fazer entre filhos e carreira, entre esperança e medo. Muitas vezes carregamos um sentimento de culpa por supostamente estarmos falhando como mães ou profissionais. São sentimentos ambíguos, entre a carreira e a maternidade.
Ainda, somos tomadas por um medo do que vem para frente.
Como contar para o gestor ou superior sobre a gravidez devido ao que vemos acontecer em tantos lugares? Como será dali para frente?
A notícia da gravidez no local de trabalho gera muitas expectativas e ansiedade para as mulheres. Medo de como a notícia será recebida e o fantasma de uma possível demissão ou substituição no retorno da licença maternidade, muitas vezes nos faz postergar a conversa sobre a gravidez e assim algumas mulheres seguem aflitas no seu trabalho por alguns meses.
Como será o retorno ao trabalho depois da licença-maternidade? Dúvidas que vêm acompanhadas de todas as inseguranças e traumas adquiridos durante a jornada profissional.
Contudo, é possível que a mulher que será mãe se prepare emocional e profissionalmente para essa nova etapa da vida. Compreender as mudanças, planejar e fazer um acompanhamento profissional podem contribuir para deixar esse período de transição mais tranquilo, leve e seguro.
A primeira orientação se concentra no cuidado e preparação para o momento da comunicação sobre a gravidez aos gestores. Precisamos comunicar a importância dessa decisão para a nossa vida pessoal e, ao mesmo tempo, demonstrar que há planos para a área profissional.
Antecipe-se e leve um planejamento com algumas ações que vão facilitar essa transição até o retorno da licença-maternidade. Por exemplo: já leve para a conversa a sugestão de nome da pessoa que pode ser treinada para ficar com as suas funções, enquanto estiver ausente, organizando um cronograma de como será feita essa transferência de atribuições.
Uma certeza é que não retornamos ao mercado de trabalho da mesma forma como saímos para o nascimento de um filho. A profissional ao se tornar mãe muda, o mercado de trabalho também muda para nós, incluindo novos desafios, rotina, julgamentos e preconceitos que uma mãe sofre no mundo corporativo. Identificar o motivo das inseguranças, mas principalmente, confirmar como a maternidade pode contribuir para desenvolver pontos fortes são a base que precisamos para construir uma nova versão de si mesma.
É necessário criar estratégias para o retorno da licença-maternidade, avaliar o mercado, construir um plano de carreira e identificar as novas possibilidades a curto e longo prazo, além de rever as potencialidades e habilidades desenvolvidas com a maternidade. Ser mãe não significa ter que abrir mão da profissão. Quando você se conhece e sabe o que quer, os caminhos são menos dolorosos, mais curtos e certeiros.
Enfim, não é preciso desistir de sua carreira para se tornar mãe, por maiores que sejam os desafios é possível conciliar os papéis de mãe e profissional e permanecer ativa no mercado do trabalho. Siga com fé, coragem e segura, com certeza de que no final das contas tudo dá certo. Confie. E se tem o desejo de ser mãe, jamais renuncie à maternidade em prol da carreira profissional.
Melissa Noronha Marques de Souza é sócia no escritório Noronha e Nogueira Advogados.
Pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Mackenzie e em Coaching Jurídico pela Faculdade Unyleya
Com formação em Professional & Self Coaching, Business and Executive Coaching e Analista Comportamental pelo Instituto Brasileiro de Coaching – IBC.
É membro efetivo da Comissão Especial de Advocacia Trabalhista da OAB/SP.
É membro efetivo da Comissão Especial de Privacidade e Proteção de Dados da OAB/SP.